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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

[maior]idade

@ "Ribeira de Cheires", como a autora lhe chama. Rio Pinhão, o seu nome.

Os 40 anos são uma idade terrível. É a idade em que nos tornamos naquilo que somos.

há vinte e dois anos, alcancei a maioridade. não senti nada em especial nem nada de especial aconteceu. a vida continuou, tal com era, sem mudanças ou outros percalços. e assim se manteve durante mais de duas décadas.

hoje, com quarenta, sinto-me como se, só agora, tivesse atingido essa, tão desejada, maioridade - atrasada, mas com direito a bónus: sinto-me com 18, mas com a bagagem [óbvia e, extremamente, necessária] dos 40.

sei o que quero e aprendi que o posso ter - depende, somente, de mim; sei o que sinto e aprendi que cada sentimento - bom ou mau - a mim, o devo; sei para onde vou e aprendi que, para lá chegar, preciso de ser eu, a dar o primeiro passo.

aprendi, ainda, que cada acontecimento é fruto de um estado de alma meu e, assim sendo, desisti de procurar culpados, nos que me rodeiam. aprendi a estar, permanentemente, atenta, de modo a escutar o meu corpo e o meu eu interior - verdadeiros aliados contra a doença física e psíquica.

aprendi que sou eu que construo o meu caminho e, se me deparar com uma pedra, a responsabilidade é minha: fui eu que a coloquei lá e, consequentemente, terei de ser eu, a removê-la.

aprendi que, antes de amar o outro, preciso de me amar in-con-di-ci-o-nal-men-te. aprendi a olhar-me no espelho.

aprendi - e continuo a desejar aprender.

sinto, por isso, que alcancei a idade maior. a idade em que me sei, finalmente, livre para para ser o quero, com a sabedoria que adquiri, durante quatro longas décadas.

nestes últimos meses, já ri e já chorei. já fiz boas escolhas e já cometi alguns disparates. tudo, em consciência: a consciência daquilo que estou a fazer, a sentir, a viver... a consciência que só a bagagem dos 40, nos permite.

uma espécie de acordar. olhar à minha volta, com mais sede e ver cada pormenor, com mais nitidez.

agora, apetece-me tudo. à semelhança do que acontece aos "jovens" que completam os 18 anos, quero. e corro atrás.

tarde? não. na hora.

na hora certa. 

ps. os 40 não são uma idade terrível... 
muito pelo contrário: 
são a melhor idade.

domingo, 16 de junho de 2013

segunda-feira, 27 de maio de 2013

[dupla]mente


toda a minha existência, fui assim: duas de mim. numa vivência pouco pacífica, vivo a vida sempre em desencontros ou dissentimentos comigo mesma. um dia, uma. diferente, numa outra hora. 

eu e a outra de mim. o eu-físico. o eu-mente. em dias e horas distintas. 
sem nunca se cruzarem...

poetas e estudiosos da psique humana explicam, cada um à sua maneira, esta capacidade ou defeito de ser dupla. a mente. eu não explico. eu sou. eu sinto. eu. e eu.
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hoje, porém, a promiscuidade. 

fusão. 

...física.mente... 

e tudo se altera. porque nada mais pode permanecer. o eu e o outro eu fomos, pela primeira vez, nós. eu, tão somente, eu [nós], sozinha, me encontro, agora. hesitante, procuro um sentido para tudo o que passou... 

ficou a agitação. ficou a pele. o suor.[o corpo]. as sinapses. a insânia.[a mente].



quarta-feira, 15 de maio de 2013

[alvorada]

sexta-feira, 10 de maio de 2013

[dualidade]


por dentro, eu sempre me persegui.
                                         
eu tornei-me intolerável para mim mesma. 

vivo numa dualidade dilacerante. 

eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim...


clarice lispector

quarta-feira, 8 de maio de 2013

[psico]adaptação


a resposta não estava nem num lado, nem no outro lado. mas, em cima do muro.
em cima do muro, continuo. em cima do muro viverei.

adaptação.

terça-feira, 30 de abril de 2013

[descom]pensar


perco-me à procura de uma só resposta. não a encontro.

perguntei a tantos e os mesmos me responderam que só eu a poderia revelar. 

está dentro de ti, dizem-me. 

dentro de mim... dizem. procuro em mim, então. um vazio cheio de nada. 

é o que está dentro de mim. 

a confusão instala-se. a pressão aumenta. a cabeça tensa, sinto-a prestes a implodir... não. a resposta não está em mim. só a pergunta. perguntei a tantos e tantos não me deram mais que vãs e inúteis respostas ermas de sentido. tens que pensar bem... dizem.

pensar... 

à pergunta, duas respostas, talvez. nenhuma me sossega, porém. demonstram-se enganadas, transviadas, as respostas. as únicas duas respostas possíveis, completamente, equivocadas.


insana, 
sinto-me a descompensar de tanto pensar.

domingo, 28 de abril de 2013

[(auto)perversão acomodada]


é suposto acenar positivamente. 
aceno. 
com a cabeça. 
lábios cerrados.
visão desfocada para não ver. 

[olhos que não vêem, coração que não sente]

sorriso. forçado.
sempre. 
e continuo a acenar.
positivamente.
com a cabeça.


[ansiedade. ablepsia momentânea.  dispneia. vertigem. afasia. arritmia. acinesia. hiperhidrose]

pânico.

sábado, 27 de abril de 2013

in[side]out


na moda

                           um dia estamos in                  no outro                      podemos estar out



                                                                          ***


                                                                        na vida

                                                       pior que estar 
                                                                                      in ou out
                                    é estar

                                              em cima do muro...

exactamente, 
onde me encontro.
agora.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

[antecipação]








sentir antes de.
querer antes de. 
viver antes de. 
antes de.

pré [ocupação] da mente.


esse sempre foi o meu mal. o meu problema. a minha doença.

não saber esperar. 
não conseguir esperar. 
não querer esperar.

impaciência. 
arritmia. 
insónia. 
nervosismo. 
tensão.

não consigo.
dormir. acordar. respirar. andar. trabalhar. viver. 

tudo se torna difícil. porque tudo está, suspenso, à espera de. 

e a espera é...

quinta-feira, 4 de abril de 2013

lu[z]cidez


são raros, os meus momentos de lucidez. grande parte da minha vida é - sempre foi - um misto de sombras e ilusões, projectadas na minha mente. a luz, vinda de lá longe... tão ténue... as ilusões, as sombras tão esbatidas. sem lugar para sentimentos porque os sentidos estão... são [foram, há muito] adormecidos.

olhos
que
não
vêem
coração
que
não
sente

os dias, as horas passam e a vida... 
essa... passa com eles. 
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por vezes, muito raramente, a luz fica mais intensa. tanto, que fere. e, de repente, os olhos [olhos nos olhos da realidade] vêem com uma nitidez crua... a nuvem que, outrora envolvia a mente, desaparecida. todos os sentidos, gritam, fazendo-se ouvir.

tanta lu[z]cidez, nada usual, traz consigo uma sensação de desequilíbrio. o chão. o chão desaparece. a realidade crua, sempre crua.

e agora?

devolvam-me as ilusões, as sombras, a pouca luz. melhor viver assim. sem saber. sem querer saber. sem sentir, sem querer sentir.

[se é mesmo assim que quero viver? não. claro que não... quero viver a vida, sentir na pele, sentir, sentir, sentir...]

devolvam-me as ilusões, as sombras, a pouca luz. melhor viver assim. sem saber. sem querer saber. sem sentir, sem querer sentir.

porque sim. porque é mais fácil assim.

quinta-feira, 28 de março de 2013

[in-sa-na-ra-zão]


a minha cabeça



[...]

pic 

domingo, 3 de março de 2013

[hac ora]


o problema é esta sensação que viveremos, para sempre. 
que as coisas más, só acontecem aos outros. 

[vi]vemos a vida como algo adquirido. 

deixamos tudo para amanhã. amanhã, no mês que vem, para o ano... 

o hoje? adormecido. 
amanhã, é um novo dia. 
deixemos tudo para o amanhã. 
amanhã, logo se vê.

contudo, não é bem assim 
[não é, de todo, assim].

de um momento para o outro, um diagnóstico muda tudo. o amanhã vai ser muito difícil, o mês que vem, pior. para o ano... o prognóstico não é o mais positivo...

e, de repente, percebemos que queremos Viver. e começamos a querer viver mais e mais depressa. queremos experimentar tudo o que sempre quisemos fazer. 

queremos. 
mais tempo. 

mas, o tempo... escapou-se-nos entre os dedos, ao longo de todos os anos, que vivemos adormecidos. um dia após o outro. a trabalhar, a tratar da casa, da vida dos que nos rodeiam.

escapou-se-nos o tempo. a vida.

tenho alguém, perto de mim, a passar por isto. perto da minha idade, na ternura dos quarenta. uma espécie de dona de casa desesperada. vivia para o trabalho, para a família. esquecia-se dela, não tinha tempo... 

[amanhã, no mês que vem, para o ano]

agora,
tem pressa.
tem vontade.
tem luz.
tem cor.
tem sede.
tem Vida.
tem uma lista de todas as coisas que quer fazer antes de morrer.
agora... não tem tempo.

e eu pergunto-me: porquê? porque é que precisamos de um diagnóstico cujo prognóstico não é o mais positivo, para acordarmos para a Vida, para nós? 


tomamos a vida como garantida. 
contudo, ela não o é. 

por isso, vivamos o dia como se fosse o último. 

o que faria, se este fosse o meu último dia? 

façamos uma lista. 
façamos algo diferente, a cada dia que vivamos.
façamos.
algo louco.
algo novo.

há que celebrar cada dia, cada hora, cada minuto... há que sorver a vida, a luz que nos rodeia, sentir o ar, a água, tocar na terra, mergulhar em nós. 

viver cada dia, como se fosse o último. 

porque... um dia, será.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

peRfil)


dos dias de chuva, eu gosto do silêncio. a cidade[nos dias de chuva] sossega e só restam o sussurro do vento, o lamúrio da água que cai e os brados da trovoada...


[sim... dos dias de chuva, eu gosto do silêncio] 

pic

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

[re]direcionar[me]


::metamorfose::

abandonar as horas mortas da memória

libertar-me de palavras desabridas com que me tolham os sonhos.

assumir um outro rumo.

intentar uma nova sorte.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

[é de água o teu silêncio]


...nua...

...na minha pele, a volúpia de te sentir... 

[envolta no teu sangue][submersa em ti][doce delíquio do meu ser] 



.nas.tuas.águas.de.ledo.enlevo.regresso.me.



pic

domingo, 30 de setembro de 2012

[re-nascimento]


só em ti
 encontrei
 descanso 
paz 

*** 

o peso do mundo vergava-me a vontade. quanto mais compadecida, quanto mais débil... 
quase, quase insignificante. 

*** 

só em ti, encontro descanso, paz... 
só em ti... 
os meus olhos, agora sem névoa, vêem-te... 
os meus ouvidos, por fim equilibrados, ouvem-te... 
nos meus pés, a tua essência... 
sinto-o-teu-perfume-a-vaguear-livre-no-plasma-que-flui-nas-minhas-veias... 
sei-me, finalmente, livre. 
novamente, livre... 

domingo, 2 de setembro de 2012

[intro]inspecção


como nuvens pelo céu
passam os sonhos por mim.
nenhum dos sonhos é meu
embora eu os sonhe assim. 

são coisas no alto que são
enquanto a vista as conhece,
depois são sombras que vão
pelo campo que arrefece.

símbolos? sonhos? quem torna
meu coração ao que foi?
que dor de mim me transtorna?
que coisa inútil me dói?

fernando pessoa

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

[raizes]


novamente?
sim.  
não te aborrecem as mudanças?

não. 
enfadonha-me
prolongar-me
no-mesmo-espaço-no-mesmo-tempo

assim, nunca criarás raízes.

raízes?
não.
jamais seria uma árvore. 
a ser, seria água. 
de rio ou de mar alto. 
beira-mar, também não. as ondas vão e vêm. indecisas... 
eu seria água, sim. 
de rio ou de mar alto. 
sempre em corrente... 

e para onde, agora?

para umas águas furtadas, com vista para o tejo.


Tecnologia do Blogger.

... aqui estou ...

Minha foto
sob o céu oblíquo de uma água-furtada, questionando a imensidão do mundo...

... nas águas furtadas ...


...tingem-se as paredes com a doce nicotina e ausculta-se a noite. dos lados da serra, o vento sussurra num gemido partilhado e a garganta aperta. acabou-se o álcool. a música percorre o tempo. pudesse eu viajar com ela e escutarias meus pensamentos perversos a propósito do teu corpo. os invejosos clamam aos deuses, por a ninfa me sorrir. talvez um dia eu me desforre doce amada.


vinicius de moraes


... passando por aqui ...

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